terça-feira, 5 de janeiro de 2010

Precipitação: Erro inevitável

Para começar o ano, resolvi postar uma de minhas curtas histórias (: Não sou muito boa no esquema, então inventei essa história com o improviso; já que hoje tive um surto de inspiração.
Espero que gostem e feliz ano novo!

Ela sabia que seus atos o machucariam, mas sua mente estava concentrada apenas em seu enorme ego. Nunca fora realmente apaixonada e achava que seria melhor daquele jeito; do jeito dela. Olhava fixamente para o menino que cabelos escuros à distância e percebia o quanto era má. Causaria dor e optou sem hesitar. Não queria repensar no assunto e levantou-se do banquinho de mármore abaixo da árvore robusta que lhe fazia sombra. "Serei breve" Pensou tentando afastar a chance de uma segunda repassada em sua decisão enquanto andava na direção do jovem. Ele parecia tranquilo enquanto lia sua revista e escutava música recostado na cadeira de madeira do refeitório. E então ela começou:
- Oi.
- Hey Elena! Como está?
- Eu quero terminar.
Tomado pelo choque da surpresa ele não conseguia falar. Fitou-a demonstrando seriedade e olhava fundo em seus olhos para ter certeza do que havia escutado. Para ele tudo parecia estar indo bem. Ou melhor: Perfeito. Ela percebeu que ele não acreditara em suas palavras e recomeçou:
- Escute: Não estou brincando e realmente falei sério.
- Mas... Porque?
- Porque sim!
- Isso é algo que eu tenho o direito de ouvir.
Houve uma troca de olhares silenciosa e ela se levantou. Não aceitara a idéia de compartilhar o seus motivos com o mesmo que namorou por 10 meses e preferia assim; manteria seu motivo em sigilo a qualquer custo. Fitaram-se por mais um instante e Elena se retirou apressadamente dali. Sabia que ele continuava a olhá-la se afastar e tinha receio de que ele viesse atrás. Alex não achava alguma desculpa para o trágico fim de seu relacionamento. Jogou a revista dentro de sua mochila e olhava a mesa de marfim pálida sem muita atenção. Ele procurava um jeito de se conformar: Algo que tenha a magoado; algo que ele tivesse dito sem pensar e que a fez pensar totalmente diferente hoje.
E logo após ele sentiu uma pontada de tristeza derramando em seu coração. A dor era insuportável e se pudesse gritar já o teria feito. Queria correr a Elena e pedir para voltar; segurar sua mão macia e ver a ternura em seu rosto mais uma vez. Seus pensamentos foram interrompidos pelo barulho insurecedor da campainha que avisava o fim das aulas nesse dia. Sem pensar duas vezes pegou sua mochila e quase correu para sua casa.
Abriu a porta de casa e logo correu para seu quarto. E por mais que sua mãe gritasse por ela, pedindo para que se alimentasse ela não o fez. Apenas queria pensar um pouco, ficar sozinha e dormir. Sabia o quanto estava tornando tudo mais difícil e não conseguia ignorar o quanto se sentia mal por ele. Sentia raiva de si mesma por apenas ter sido tão estúpida quando o disse que estava tudo acabado; ele merecia uma consideração melhor. Colocou as mãos no rosto, cobrindo toda a face e se jogou na cama. Não demorara até cair no sono.
Alex sentiu sozinho enquanto entrava em casa. Percebeu que o silêncio era real e agradeceu por isso. Jogou suas coisas no sofá avermelhado e subiu os degraus pesadamente. Sentou-se à beira da cama e observou o teto albino de seu quarto. Não queria dormir por medo de sonhar com Elena; não queria comer pois a dor era a maior necessidade agora. Queria sua metade de volta: A metade que Elena levou em 10 meses. A cena se repassava em sua mente involuntariamente e isso o incomodava. Sua vontade era de escapar dessa ilusão. Apoiou-se em sua cômoda ao lado e levantou com o impulso. Agora ele andava em passos rápidos para fora da casa: Ele ia pensar em tudo; em qualquer coisa que o libertasse.
Já havia escurecido quando Elena despertou. Não acreditava no quanto havia dormido e se espantou ao ver 21:15 em seu despertador. Foi ao banheiro e lavou o rosto. Enxugou vagarosamente observando seu reflexo no espelho. Percebera os motivos pelos quais Alex sofria: Os 'eu te amo' ditos em vão, as caminhadas pelo parque e todos os momentos de felicidade juntos. E finalmente percebera que não estava feliz como pensava que deveria estar. Ela sabia onde deveria ir naquele momento e sem dispensar a corrida para fora de casa, foi a procura de Alex. A caminhada de sua casa até a dele não era longa e suas passadas rápidas diminuiam o tempo. De repente vira um movimento incomum na frente da casa onde ele morava e ficou agitada. Cumprimentou a todos na varanda e foi ao encontro dos pais de Alex, que choravam inconsoláveis na sala de estar. Isso a deixou mais nervosa e sentiu sua pulsação acerelar gradativamente. E então a notícia: Enquanto Alex estava no parque, algo o acertou enquanto ele andava pela ponte e o fez cair no lago. Inconsciente, o jovem de 17 anos morreu afogado.
Aquilo fez o mundo de Elena despencar sobre suas costas. Não podiam estar falando a verdade! Ela o vira hoje; ela o fez sangrar por dentro e agora ele estava morto. A garota caiu sobre os pés e uma lágrima escorreu pela sua bochecha. Ela o queria de volta a vida agora! Não admitia a morte inesperada de seu ex-namorado. Começou a se culpava pela morte dele: Se não tivesse feito aquilo de manhã ele não estaria no parque a tarde e agora estaria vivo. Os pais de Alex a levaram até o corpo e a deixaram sozinha. Elena queria andar, mas não havia forças o suficiente que a fizesse mexer. Suspirou, procurando se acalmar e deu passou lentos até o saco preto estirado no chão da sala de estar ampla. Ainda trêmula, abriu a ponta devagar e pode ver o rosto dele. Sentiu uma facada no seu coração e queria que fosse verdade. Ver Alex ali, sem vida, era o pior pesadelo de sua vida. Algo que concerteza nunca poderia esquecer. Sentou-se perto do cabelo molhado e preto, deixando escapar mais lágrimas. E lembrou pelo motivo que a trazera ali, junto dele. Abraçou-o , colocando seu corpo sem vida no seu colo e trazendo a cabeça para mais perto de seu rosto. Inspirou, expirou e começou a sussurar:
- Não sei bem como vim parar aqui e isso não importa. Apenas queria te dizer o motivo pelo qual terminei nosso namoro: Eu estava louca e irrevogavelmente apaixonada por você, mas não conseguia aceitar isso. Eu nunca me apaixonei; nunca amei alguém de verdade até conhecer você. As coisas foram tomando rumos estranhos e isso me assustou tanto. Eu te amo Alex e agora sei disso. E agora também sei que é tarde demais para te dizer tudo o que era preciso. Eu te amo e nunca vou deixar de te amar.

Escrito por: Erika Yukari

Um comentário:

  1. Que liiiindo! Minha nossa, fiquei toda arrepiada quando ela viu o corpo sem vida dele!
    Parabéns, você escreve muuuito bem!

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